Conforme o prometido venho a escrever sobre o terceiro que li este ano: Vitória, do Joseph Conrad . Vou me abster de escrever sobre o enredo da história e vou direto para o que achei desta leitura. Mas antes, algumas notas sobre escrever sobre livros. O que escrevo sobre livros não são resenhas literárias. Resenhas são como o resumo de uma história. Sempre acho meio chata este tipo de leitura, e sobretudo, este tipo de escrita. Prefiro escrever em forma de juízo de valor, em forma de criticismo. Não estou a dizer, muito menos pretender, que daqui sairá uma belíssima crítica literária, ou, que você acaba de encontrar um gênio que irá iluminar o seu saber sobre literatura. Mas aqui de dentro de minha caverna solitária tenho a ousadia de tentar tirar esta prática (a faculdade de julgar livros) do olimpo acadêmico, e isso, sem ser um especialista do assunto – por mais ridículo que seja o papel que eu venha aqui desempenhar. É como um pedreiro analfabeto se meter a besta de projetar um edifício no autocad. Não é impossível mas pouco provável. Ridículo pois, afinal, o acadêmico diz: quem você pensa que é para criticar a Conrad? Porém, para ele eu só digo uma coisa: este blog é meu! Chupa Conrad!
Coincidentemente era o livro da Tag livros deste mês, mas decidi por esta leitura por outros motivos. Já havia tentado ler a Conrad outras vezes mas para ser sincero, sempre achava meio chato. Vitória entretanto teve em meu intelecto uma receptividade muito melhor e posso afirmar que este livro tem belíssimos momentos – mas também – diálogos cansativos demais. Aliás, uma diferença que eu começo a reparar entre os autores de hoje para os clássicos anteriores ao sec. XIX e começo do XX são que os mais antigos desenvolviam bem mais seus diálogos enquanto os mais modernos apostam mais em longas descrições… Posso estar falando besteira… Enfim… Quando vemos entrevistas e indicações, todos os grandes escritores modernos colocam Conrad no olimpo da literatura. De fato pude constatar seus dotes na descrição de atmosferas, tal como:
Um grande silêncio pairava sobre Samburan: o silêncio do calor intenso, que parece prenhe de consequências trágicas, como o silêncio da meditação ardente
ou
A noite que descia sobre Samburan convertera em densa sombra a ponta da terra e o próprio pier, e dava uma negra solidez à água parada, que se estendia
e mais
O sol, ao longe, reduzira-se a uma chispa vermelha, luzindo muito baixo na muda imensidão do crepúsculo
Eu sublinhava passagens como essa aos montes. Conrad é um excelente criador de atmosferas misteriosas e suas descrições beiram ao sublime. Mais de uma vez, com passagens como as de cima, eu ficava de boca aberta e pensava “caramba, eu nunca vou conseguir escrever assim”. Por outro lado, não pesquei de modo total a tão comentada profundidade humana que todos ressaltam neste livro. Alguns falam dele como se aqui estivesse todas as respostas para o drama humano! Já li coisas mais profundas que essa história. Minha sensibilidade, ao que parece, provavelmente não estava tão aguçada! Mas para finalizar, o que me trouxe a este livro foi um trecho da sinopse que me identifiquei logo de cara: Vitória trata da tragédia que é não conseguir se encontrar no mundo e dele não poder escapar.
Dei três estrelas lá no goodreads
Tb não tenho muita paciência para resumo, é que às vzs para explicar um ponto, acaba sendo necessário contar um pouco…. 🙂
CurtirCurtido por 1 pessoa
é necessário sim, sobretudo porque, presumo, muitos dos que estão buscando informação sobre os livros que escrevemos buscam também algumas prévias do enredo para saber se gostarão ou não da história. Mas eu acho que escrevo mais para os que já leram livro do que para os não leram, mas isso é um pouco pular uma parte rsrs. Evidente que é possível alcançar os dois públicos: expor um resumo e logo um juízo.
CurtirCurtido por 1 pessoa
Eu acabei não explicando nenhum ponto rsrsrs !!! acho que vou tentar escrever uma resenha num modo mais tradicional a ver como me saio… Um abs
CurtirCurtido por 1 pessoa